sexta-feira, 17 de maio de 2013

Iphan e Inventariança da Extinta Rede Ferroviária Federal: atuação conjunta pela preservação de acervo histórico sobre as ferrovias

Na busca pela preservação da Memória Ferroviária, foi iniciado neste mês de maio trabalho conjunto entre a o IPHAN-RJ, através de seu Escritório Técnico na Região dos Lagos e a Inventariança da Extinta Rede Ferroviária Federal, antiga RFFSA, por meio de sua Unidade de Campos dos Goytacazes - URCAM.

A ação consiste na digitalização do acervo iconográfico de valor histórico da URCAM - Unidade Regional Campos da Inventariança da Extinta RFFSA.

Esta ação resulta de uma estratégia de atuação convergente que vem sendo trabalhada entre o IPHAN e a Inventariança da Extinta RFFSA, na busca por compartilhar responsabilidades, fazendo-se cumprir não apenas o dever legal de cada um dos órgãos sucessores da extinta Rede Ferroviária Federal S/A, mas ainda admitir em sua rotina uma perspectiva de preservação de sua herança e legado cultural.

Para que se entenda a importância do acervo tratado nesta ação, cabe dizer que antes da extinção da RFFSA a URCAM era sede da administração de, aproximadamente, 1500 km de linhas ferroviárias operacionais e, aproximadamente, 1700 km de linhas ferroviárias não operacionais e/ou erradicadas.

Seu acervo possui herança na formação da malha férrea do Brasil, detendo vasta documentação de escrituras, plantas, mapas, fotografias e muitas outras peças de valor histórico e cultural que registram e testemunham desde os investimentos ingleses no Brasil no final do século XIX, através da The Leopoldina Railway Company Limited, passando pelas empresas brasileiras e suas sucessoras, pela criação da Extinta Rede Ferroviária Federal S/A - RFFSA (1957) e todos os anos de seu funcionamento.

Desta forma, o acervo registra o percurso histórico de ramais ferroviários (e com eles cidades e localidades) espalhadas pelos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, contemplando centenas de municípios.

Na primeira fase do trabalho, o recém-criado Núcleo de Digitalização do Escritório Técnico do IPHAN na Região dos Lagos (ETRL/IPHAN-RJ) está higienizando, catalogando e digitalizando cerca de 400 imagens, registradas por volta de 1900, todas elas compostas por cromos negativos em vidro (ver fotos), um requinte de técnica fotográfica utilizado pela Estrada de Ferro The Leopoldina Railway Company Limited para documentar a evolução dos ramais férreos nos citados Estados.

Após esta etapa de trabalho, a equipe do ETRL passará à catalogação e digitalização dais imagens históricas conservadas em papel. 

Ainda em 2013, o IPHAN, em parceria com a Inventariança da Extinta RFFSA, pretende implantar na URCAM um laboratório de digitalização cuja proposta será digitalizar grande parte do acervo de Plantas e Mapas (grandes formatos) existentes naquela Unidade Regional, cujo montante alcança cerca de 8 mil desenhos técnicos, muitas delas datadas desde o final do século XIX.

Tal acervo é de fundamental importância para a elaboração de projetos de restauração de estações ferroviárias e outros imóveis, todos eles relativos à Memoria Ferroviária que se pretende preservar.

Todo este material passará a estar disponível à pesquisa inicialmente na sede do Escritório do IPHAN na Região dos Lagos, atualmente situado na antiga Estação Ferroviária de São Pedro da Aldeia (restaurada em 2009 pelo Instituto), e em horizonte próximo, na sede do Centro de Memória Audiovisual da Região dos Lagos, em implantação pelo IPHAN na mesma cidade, em parceria com a Prefeitura de São Pedro da Aldeia.

O processo de digitalização deste acervo resulta numa ação imediata dos parceiros pela salvaguarda da integridade do acervo da URCAM, que além de inegável valor cultural, é fonte de pesquisa para o trabalho administrativo e judicial de diversos órgãos, além do IPHAN e da Inventariança da Extinta RFFSA, tais como DNIT, SPU e outros.


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Ivo Barreto
Chefe do Escritório Técnico II do IPHAN na Região dos Lagos
Tel: 022 . 26219367

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Um comentário:

  1. Parabéns ao Iphan a todos envolvidos neste trabalho de resgate da memória do nosso País. Tenho 46 anos e quando menino tinha um atlas do IBGE que mostrava a nossa imensa malha ferroviária, uma das maiores do mundo, e hoje totalmente sucateada nem de longe pode-se ter noção do gigantismo das ferrovias no Brasil. Muitos registros ou vestígios deste patrimônio já não existe. Sempre faço pesquisas acerca deste assunto e o máximo eu consegui foi de um Senhor em São Paulo que tem um catálogo muito interessante e abrangente sobre o tema. Atenciosamente. André Tadeu email ajybbru@gmail.com

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