terça-feira, 21 de agosto de 2012

Exposição, apresentações culturais e debate pontuaram abertura da II Semana Fluminense do Patrimônio em Cabo Frio

Tema do encontro é alinhar ações à sustentabilidade

Enfatizar a importância da valorização e preservação do patrimônio para as comunidades, seja ele cultural ou natural, material ou imaterial, é o objetivo da segunda edição da Semana Fluminense do Patrimônio, aberta na sexta-feira, 17 de agosto, dia do Nacional do Patrimônio Cultural, em Cabo Frio.

Semana tem como tema principal objetivo o alinhamento das ações com a sustentabilidade, tema da Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável Rio + 20.

Museu de Arte Religiosa e Tradicional – Mart em Cabo Fio. Fotos: Vânia Laranjeira

O primeiro evento do dia aconteceu no Museu de Arte Religiosa e Tradicional – Mart , onde foi inaugurada a exposição do Inventário da Arte Sacra Fluminense, organizada pelo Instituto Estadual do Patrimônio/Inepac, órgão da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro (SEC).

Paulo Vidal, diretor do Inepac, arquiteto e mestre em Conservação e Preservação do Patrimônio Cultural, falou sobre a importância dos inventários, por tornarem conhecido o acervo do patrimônio das cidades de cada região, para valorizá-lo e protegê-lo adequadamente.

"A arte sacra é um recorte, pois procuramos identificar e valorizar o patrimônio de forma integrada, compreendendo também o patrimônio imaterial, como por exemplo, os festejos que acontecem nas igrejas e de como a comunidade se apropria desses bens", explicou.

Paulo Vidal falou sobre o site do Inepac –www.inepac.rj.gov.br, onde estão listados os bens procurados, de origem conhecida, mas dos quais não se sabe o paradeiro.


Exposição do Inventário da Arte Sacra Fluminense, organizada pelo Inepac/SEC

A exposição do Inventário de Arte Sacra Fluminense, que permanece aberta ao público até 02 de setembro, apresenta os dois primeiros volumes do trabalho, onde estão publicados os levantamentos dos objetos e imagens religiosos das regiões Norte, Noroeste e Baixada Fluminense.  Ainda no Mart, o grupo teatral Curare e o Coral Despertar, do Clube da Melhor Idade Alegria de Viver , abrilhantaram o encontro com um repertório de música brasileira e poesia.

Momento de música brasileira com o Coral Despertar, do Clube da Melhor Idade Alegria de Viver

Casa Carlos Scliar

A seguir, o público transferiu-se para a Casa-Ateliê Carlos Scliar, contemplado recentemente por edital da Superintendência de Museus da SEC, onde a presidente do Instituto Carlos Scliar, Regina Lamenza, e a diretora da Casa Scliar, Cristina Ventura, apresentaram um vídeo sobre Scliar, artista plástico nascido no Rio Grande do Sul, e que, a partir dos anos 1960, manteve seu ateliê em Cabo Frio, onde trabalhou e expôs suas obras até o ano 2000, tendo falecido em 2001.

Escultura de Carlos Scliar. Ao fundo Casa-Ateliê Carlos Scliar, em Cabo Frio

Prosseguindo com a agenda, numa explanação afetiva sobre a vida do antropólogo Gilberto Velho, a também antropóloga Claudia Rodrigues Carvalho – professora e pesquisadora no Museu Nacional/UFRJ -, discorreu sobre a trajetória e a personalidade marcante, segura e inovadora de Gilberto Velho.

Diretora do Museu Nacional/UFRJ, fala com emoção sobre a trajetória do antropólogo Gilberto Velho

Palestras

As palestras, que começaram às 14h30, se transformaram no grande momento do dia, quando as pessoas discorreram com naturalidade e paixão sobre seus temas, sob a égide "desafios e potencialidade rumo à sustentabilidade".

Os primeiros a falar foram a professora e pesquisadora de arte brasileira, Amélia Zaluar, juntamente com seu Valdevir, sobrinho de seu Gabriel, criador da Casa da Flor, que ela preside em São Pedro D'Aldeia. Este ano, a Casa da Flor recebeu apoio financeiro da SEC, através de edital da sua Superintendência de Museus, e a diretora falou sobre a importância da casa, construída há mais de cem anos, e que teve sua primeira reforma apenas em 2001, mas que continua precisando de ajuda.


Seu Valdevir, sobrinho do seu Gabriel, criador da
Casa da Flor, acompanha cerca de 200 visitantes todo mês

Outra palestra que chamou muito a atenção de todos foi feita pela geóloga e professora da UFRJ, Kátia Mansur. Ela falou sobre o solo da região, secular, por ainda existirem ali os traços do fenômeno Gondwana, que marca as separações dos continentes brasileiro e africano.

Kátia Mansur. fala sobre as rochas da Região do Lagos, que têm cerca de 2,1 bilhões de anos

Esse é um dos elementos que compõem uma lista de muitos itens empolgantes, como o fato de estarem ali as rochas mais antigas de todo o estado, com cerca de 2,1 bilhões de anos. Ou, ainda, o fato da Região dos Lagos ter sido também percorrida pelo antropólogo Charles Darwin, ter as salinas como patrimônio geomineiro e, ainda, possuir um deslumbrante sítio natural, tombado pelo Inepac.

Estas potencialidades estão, junto com outras, nos fundamentos da proposta para a criação do Geoparque Costões e Lagunas do Estado do Rio de Janeiro, organizada por Katia Mansur e um grupo de especialistas, com a colaboração de órgãos públicos e privados, como o próprio Inepac, o Iphan, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, e universidades federais.


Mestra Chonca, carpinteiro naval, e o sociólogo Paulo Barreto falam da pesca artesanal em Arraial do Cabo e da importância da preservação desse patrimônio

A prática da pesca artesanal em Arraial do Cabo também foi tema para debate, a cargo do sociólogo e pesquisador Paulo Barreto e de Mestre Chonca. Eles lembraram que a identidade cultural e a organização da vida social de Cabo Frio até os anos 1960 eram baseadas no sal e no peixe. O diretor do Inepac, Paulo Vidal, aproveitou a ocasião para fazer um indicativo do quanto pode ser importante a valorização da culinária de um determinado local, por sua particularidade. "Existe o sal do mediterrâneo, por exemplo, que custa caro é enaltecido como um produto especial e conhecido no mundo todo. Podemos ter aqui no Brasil semelhante oportunidade de reconhecimento, divulgando as potencialidades das salinas centenárias da região", comentou ele.

Encerramento

À noite, o primeiro dia da Semana Fluminense do Patrimônio  foi encerrado com as apresentações do grupo Budega "Apanhei-te Cavaquinho" e da Companhia de dança Mairon de Marchi, além do Boi Rei.

Apresentação de lundu pela Companhia de Dança Mairon de Marchi

Dando continuação às atividades, acontecerá o II Encontro do Patrimônio Flunminense, evento principal da Semana, em Vassouras, no período de 21 a 23 de agosto, com palestras, mesas-redondas, apresentações culturais e exposição de pôsteres e das obras inscritas no Concurso Cultural "Olhares sobre o Patrimônio Cultural Fluminense – fotografia e poesia". O Encontro será realizado no Palacete Massarambá, da Universidade Severino, que, através desta realização, junta-se à comissão de organização do Encontro.

Participam da comissão organizadora da II Semana Fluminense do Patrimônio, alémdo do Inepac, o Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro – Aperj, a Casa de Oswaldo Cruz – COC/Fiocruz, a Fundação Casa de Rui Barbosa, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Rio de Janeiro – Iphan/RJ, o Museu de Astronomia e Ciências Afins – Mast, o Museu do Meio Ambiente/Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro , o Arquivo Nacional e o Museu Nacional – MN/UFRJ.


Fonte: http://www.patrimoniofluminense.rj.gov.br/noticias/

em 19/08/2012 -




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Pois o cotidiano é mais bonito do que se imagina...

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